01/07/2003

Anuário de Telecom do IDG

NEC – Cautelosa, flexível e pronta para a retomada

Receita da NEC para driblar o mau tempo: focar nas corporações, governos e aplicações sobre plataformas. E adotar cautela nos negócios. "Nossa estratégia não pode ser montada exclusivamente sobre teles, porque é um mercado que, quando cresce, exige muito investimento, operação pesada, e quando cai você realmente toma um tombo muito grande", resume Paulo Castelo Branco, presidente da NEC do Brasil desde outubro de 2001.
 
Um ano antes a empresa já iniciava uma redefinição de papel, vendendo sua fábrica, que hoje é terceirizada. "Agora somos serviços. A NEC está voltada para projetos, executados por equipes que depois se desmontam e vão para outros projetos, como numa consultoria", diz Castelo. "Estamos nos posicionando como integradores de tecnologias nossas e de parceiros." A empresa tem 376 funcionários e um número equivalente de terceirizados.
 
Herberto Yamamuro, diretor da Solution Business Unit, traça uma avaliação de 2002: "O primeiro semestre foi muito parecido com 2001, girando em torno do atingimento de metas. No segundo semestre os negócios convencionais de voz praticamente pararam. Continuou o que estava ligado à ADSL, enquanto Oi e Tim puxaram wireless". Ele afirma ainda que a tecnologia wireless sempre vai ter demanda considerável, o que inclui rádio de pequena capacidade para telecomunicações corporativas.
 
Outra aplicação dessa tecnologia foi a parceria da NEC com a Guarda Civil de Guarulhos, para localização de viaturas por GPS, sinalizando que o nicho de segurança pública pode render bons contratos com o poder público.
 
Com nova identidade e abordagem, a NEC aguarda, como todos, crescimento. "De 2001 para cá o mercado corporativo caiu um pouco, mas não tanto quanto as teles. Esperamos que agora, com a recuperação da economia, haja uma retomada de investimentos nesse segmento, que reage mais rápido." Com mais de 4 mil clientes – e R$ 729,43 milhões de faturamento bruto em 2002 – a NEC recusa aventuras: "Nós só vamos entrar em negócios que tenham rentabilidade razoável e poucas chances de o cliente não nos pagar", avisa Castelo.
 
Também muda o nível de exigência do cliente, igualmente escaldado pelos trancos da economia. Só emplaca a tecnologia que comprovar praticidade e economicidade, amadurecida de acordo com demandas específicas. Quem não oferecer serviços customizados sai do jogo.
 
"A hora é de aplicações sobre a infra-estrutura já instalada. Sem aplicações, a base não presta para nada", diz Castelo. Uma dessas aplicações é o NEMIP (NEC Multimedia Information Platform), plataforma de Internet Móvel que pode operar sobre qualquer tipo de sistema. Inaugurada na Espanha no final de junho, aqui no Brasil ainda tenta seduzir o mercado. "A aceitação é boa, mas é uma coisa mais demorada", conforma-se Castelo.
 
Enquanto o NEMIP não deslancha, o que faz caixa é a integração de plataforma, reconhece Yamamuro. "Estamos numa fase forte de integração de plataforma, é o que está dando sustento hoje; esperamos que em 2004 possamos começar a construir camadas mais altas de controle, como o NEMIP. Tem a parte de acesso mais sofisticado, tipo Wireless Lan, que deve entrar pesadamente nas corporações."